domingo, 25 de outubro de 2009

kuolla

E quando eu ouço esse barulho suave e inconveniente de sinos batendo no meio da noite, me pergunto se é isso o que a pessoas ouvem minutos antes de serem carregadas pela morte.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Far

Eu preciso de uma praia. Uma praia vazia.
Após o sol se por, eu preciso pisar descalça na areia fria e sentir o vento bagunçar meu cabelo.
Eu preciso ouvir o barulho ritmado das ondas quebrando aos meus pés, preciso olhar a lua emergindo atrás da infinita imensidão azul.
Ah, como eu queria estar sentindo o cheiro de sal e a presença das gaivotas.
Um arrepio na espinha.
Volto a minha escrivaninha, pés dentro das meias dentro dos sapatos.
E eu só queria estar longe.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

dead angel

Arranhões nos braços lembram a última briga de escola.
Olheiras contornam os olhos que de noite não fecham.
Seu coração partido em dois não deixa dúvidas. O sangue que passa ali não carrega mais o seu nome.
O som dos passos abafados denuncia sua presença.
Ora ora, quem estava ali?
Respondeu com um sorriso vermelho, os dentes empapados de sangue. Um soco no estômago
.

domingo, 4 de outubro de 2009

Ah..

Ah, e se eu disser que já não vale a pena?
Eu não espero seu telefonema, nem mensagem ao acordar.
Ah, e se eu disser que guardo seu abraço?
Mas a saudade eu disfarço, tento controlar.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Chuva

E de repente o barulho contínuo de pingos de chuva do lado de lá do vidro da janela.
ah, o barulho. Trovejante e presente, chegou na hora certa.
Eu estava te esperando, aqui, cá com meus botões.
Apenas diga que essas águas vão me levar embora.
Ele estava ali por mim. Eu estava lá para dizer adeus.

Mais um trovão, e eu podia sentir os pingos da chuva quicando em minhas costas. Eu estava ali, molhada, de frente pra ele e ambos esperávamos correspondência.
Por impulso, me joguei em seus braços e num apertado abraço, jurei nunca mais partir.
Jura inválida. Jura em vão.
Partir era uma certeza, e não havia escolha, eu tinha que ir.
Morar em outra cidade, abandonar a paisagem e me despedir. Isso era uma certeza, eu só tinha que convir.
Mas ali, em seus braços, não havia mais nada que eu pudesse fazer. Só me afogar em seu colo limpando minhas lágrimas no pano fino de sua camiseta.
Mudo, ele compreendeu. Mudo, ele permaneceu.
Ambos sabíamos que nenhuma palavra ou gesto poderia externar a melancolia daquele momento. Nenhum dialeto poderia prever aquela saudade.
Presa em seus braços eu me agarrei ao último fio inalcançável de esperança.
Parti dizendo adeus.